Encontos;

Introdução

Antes de mais nada; fique à vontade. Este é um site para todos se divertirem e emocionarem.
Com o decorrer do tempo as postagens podem se misturar e a história tal se perder no meio do caminho, por isso aconselho usar as palavras-chave. Cada história terá sua palavra-chave para facilitar as nossas vidas.
Todas as histórias, contos e fics contidos aqui são de minha autoria, e sempre que houver a participação de alguém, citarei com maior prazer.
Adoro ler opiniões, críticas e sugestões, receber convites, fazer amigos e ler as histórias/contos/fics dos outros.
Podem me considerar chata, mas eu levo muito a sério a arte de seguir, então se quiser me seguir para ter um retorno de números seguidores, desista. Só sigo blogs que realmente gosto e me atraem, e fico chateada quando percebo receber uma visita que nem leu o conteúdo do blog e apenas quer atenção para si.
Também acho bacana os leitores que tem coragem de, com sinceras palavras, dar sua opinião sobre o que digo/penso.

Quanto ao resto, pura diversão à todos nós ^^

Abraços,
Káah Azamba

 

Confira o site original.

Encontos

Mika, 8°

09/11/2011 22:46

Era engraçado de ver as duas por perto, como completos opostos, a noite e o dia, uma competindo com a outra sem perceber.
Saíram de lá para tomar uma vitamina de banana por consideração ao desejo de Ema. Conversaram e gostaram de se falar, Mika precisou partir para o trabalho e a garota voltou à sua exposição.
Depois de mais um longo e cansativo dia de trabalho, Mika voltou para o apartamento que estava, cerrou os olhos e os abriu apenas sete horas da manhã, quando alguém bateu em sua porta. Pensou ser o síndico ou a moça da faxina. Com o rosto inchado, os cabelos despenteados e a roupa do dia de ontem amarrotada, Mika abriu a porta pronta a gritar e mandar quem fosse embora, mas ao contrário do que pensou, viu aquelas duas bolotas róseas postas num pele alva de algodão, era Ema.
Pediu-a que entrasse e a fez aguardar na sala pequena enquanto tomava um breve banho. Ao voltar a garota estava segurando o broche que Edna havia dado para Mika. Ela nem sabia mais se o tinha deixado na casa de seu pai, ou se o tinha levado consigo, sentiu um aperto no peito e quis chorar, mas nada demonstrou para sua visitante.
Depois de apreciá-lo, Ema estendeu a mão para entregar o broche à sua dona, Mika, receosa, pegou-o e quis saber onde ela o tinha encontrado. “No chão, perto de sua cama, deve ter deixado cair. Minha mãe tinha um desses quando eu era pequena, dizia que era para protege ou algo assim.” “Sua mãe? Quem é sua mãe?” indagou Mika, e a garota prontamente respondeu “Você não deve conhecê-la, ela trabalha em uma lojinha aqui no interior”, a coisa estava ficando séria, Mika sentiu seu coração acelerar “E o que ela vende?” “Sei lá, um monte de coisas”, respondeu a jovem, sem imaginar o que se passava com Mika.
Quase ríspida ela perguntou, “Qual o nome dela?”. A garota olhou-a sem compreender, “Edna.” A garota bronzeada dos olhos acinzentados congelou, não acreditava que aquela velha maluca tivesse uma filha tão nova e dócil. A garota limpou a garganta, nervosa, “Trabalhei para ela.” “E ela lhe deu o broche?” a loira estava enciumada. “Pois é…” respondeu sem jeito.
Ema levantou-se cautelosa e novamente tomou a postura infantil que tinha, “Vim te chamar para dar uma passeio pela praia.” E foram.

Mika, 7°

09/11/2011 22:45

Malas prontas e o coração alegre, faltavam duas horas para seu pai lhe levar ao aeroporto, tudo estava pronto e eles tomavam o café da tarde como despedida. “Qual é papai, são só alguns meses” ele olhava cabisbaixo mesmo tentando esconder sua tristeza.
Minutos antes de Mika colocar as malas no carro de seu pai, Edna visita-lhe e entrega um broche de ouro com uma pedra vermelha. A garota não quis ser hostil, agradeceu, despediu-se de Edna e deixou o broche na casa de seu pai, em uma caixinha de madeira. “Ouro?” riu debochadamente, “Isto está mais para as bijuterias baratas daquela velha louca”. Mika tinha raiva de Edna por ter lhe assustado e falado coisas que não queria ouvir. Ela também odiava a postura mandona e ao mesmo tempo sensível que a velha mantinha.
Partiu para a capital e em poucas horas já estava no aeroporto de lá. Viu muita gente interessante e ninguém quis lhe dar atenção, nem mesmo os próprios funcionários, até porque a atenção que ela precisava chama-se guia turístico. Os taxistas cobravam uma exuberância para levar ao lugar que fosse e mesmo não sendo veraneio, os hotéis perto do mar não estavam com um preço acessível para ela.
Encarou a realidade; precisava se recompor e voltar para as passarelas. Ligou para sua ex amada e lhe foi insuportável ouvir o simples “Alô?”, desligou e mandou uma mensagem pedindo ajuda para conseguir algo onde estava, e ela lhe retornou informando que providenciaria com o maior prazer.
Dois dias passados e estava o jornal o nome de Mika dizendo que ela havia ‘voltado’ à ativa, sendo que na verdade mal teve ido. Sim, ela era uma ótima profissional, mas hesitava em aceitar trabalhos grandes, e agora estava disposta a fazê-los.
Recebeu várias ligações e propostas generosas, resolveu aceitar uma companhia que tirava fotos para produtos em revistas e desfilava com roupas de lojas locais para as promoverem.
Ia à praia sempre que o tempo permitia, e a cada dia sentia-se mais só. Se lembrou de um dos sonhos que teve depois que partiu, Edna entregou-lhe um broche e com desdém ela o guardou no bolso e levou consigo para a viagem. Ela riu daquilo tudo e a curiosidade matou-lhe de desejos, correu até suas roupas sujas para conferir o bolso da calça. Não, nada de broches por ali. Aliviada, sentou na janela e viu uma exposição de quadros mais adiante, decidiu apreciá-los.
Quase quarenta quadros em um ambiente relativamente pequeno e bagunçado. Olhou para a meia dúzia de pessoas que estavam por ali e foi sussurrada por uma garota esbelta, loira e dos olhos róseos, “Quem você acha que é o autor?”, Mika sorriu envergonhada enquanto sentia suas bochechas ficarem rosadas; apontou para um rapaz desajeitado do cabelo grande. A garota riu “Não mesmo. Tente novamente”. Procurou ao redor e apontou para uma senhora do vestido longo e meias coloridas. A garota olhou Mika seriamente, “Sou eu.”
Mika olhou-a sem acreditar, ela era loira naturalmente e estava com suas roupas perfeitamente em dia; m saltinho básico e vestidinho tom pastel estilo batinha. “Você?” recriminou a jovem. Ela assentiu e estendeu a mão “Prazer, Ema. Verá minha assinatura nos quadros” disse orgulhosa de si mesma.

Mika, 6°

09/11/2011 22:44

Tensa com a situação, a jovem olhou receosa para o livro; dizia a respeito de um velho sábio que era capaz de voltar no tempo em momentos de transe e modificar o passado. Mika agoniada, olhou para Edna como se ela fosse a mais louca que existisse, saiu correndo da loja deixando o livro tombar no chão.
Tomou um banho e riu de si mesma por ter se deixado levar pelas idéias insanas daquela senhora. Decidiu que precisava de férias, e ao invés de investir o dinheiro que tinha conseguido guardar com esforço, gastou em uma viagem para a capital, perto da praia.
A viagem estava marcada para acontecer somente a partir de duas semanas, e neste tempo vago ela ficou a limpar e organizar o apartamento de seu pai, que sempre conversava com sua filha.
Antes, tudo o que Mika tinha era com sua amada, agora o pouco que lhe restava era seu. O egoísmo não poderia ser medido. Começou a ver o erro por ter sido tão dependente, mas não queria culpar outros pelas suas falhas.
Ela notava: tinha falhado em dar, queria apenas receber, e isto dizia em tudo, amor, cuidados, atenção, dinheiro. Ela achava que por dividir bens materiais e não trair seria a melhor namorada possível. Nunca passou pela cabeça dela que sua amada também tinha necessidades e desejos ocultos em si. Inocente e tola Mika.
Seu pai conversou com ela, mostrou o mundo que sua amada lhe tinha ocultado para proteger, e aos poucos sua mente se abriu e ajustou aos parâmetros da sociedade.
Descobriu que seus olhos, por mais encantadores que fossem, não lhe dariam tudo, que precisaria batalhar e muito para ser alguém no mundo, e que seu pai estava lhe ajudando ao invés do contrário.

Mika, 5°

09/11/2011 22:43

No fim da tarde a jovem estava coberta de poeira e um cheiro irritante de cravo da índia. “Muito bem! Volte amanhã às nove horas” disse Edna enquanto dava uns trocados para a jovem, empurrando-a gentilmente para fora de sua loja.
“Vinte reais?” olhou indignada para suas mãos “O que vou fazer com isto?”, foi até seu pai. “Então, como foi o primeiro dia de trabalho da minha garotinha?” perguntou o pai, orgulhoso de sua filha, parecia nem ter notado o quão suja e cansada ela estava. Mika pôs-se a chorar “Ganhei vinte reais por passar o dia limpando a loja para aquela louca!”, seu pai ria enquanto a consolava “Calma, você vai ganhar vinte reais por dia para comer, e no fim do mês ganhará mil.” “Ridículo! Nunca fui tão explorada em minha vida!” “Explorada?” interferiu o pai “Meu ajudante ganha seiscentos ao mês e cinco ao final de cada dia.”. Mika olhou indignada “Que crueldade papai!”. Ele ria da inocência dela “Não minha garotinha, é a realidade.”
No segundo dia de trabalho Mika espantou-se com a quantidade imensa de pessoas que conheciam aquele lugar perdido no mundo. A loja em si era difícil de visualizar por fora; uma portinha sem graça e cortinas cobrindo a vitrine impedia de saber sobre o que era, sem nome nem nada.
Espantou-se também com as pessoas que iam lá, estranhas e diferentes e ela nunca as havia notado na cidade antes. Desde hippies até góticos, também uma mistura de ambos, compravam as coisas mais sem graça, e no ponto de vista de Mika, fora de moda. Ela ria ao ver uma mulher comprar uma luva azul clara cheia de plumas de um cheiro azedo, por dizer que traria sorte.
O mais comum eram as peças feitas à mão por um preço absurdo apenas por conter algum certo “poder”. Marcante foi o dia que uma jovem foi até lá desesperada, dizendo que havia sonhado com um colar de ametista amarelo, e se não o suasse estria completamente vulnerável as forças do mal. Edna simplesmente entrou no depósito, colocou um pingente oval de pedra amarelada em uma gargantilha de segunda classe, e a jovem pagou quase quinhentos reais naquilo.
Mika contava tudo ao seu pai enquanto morria de rir, ele também achava engraçado, mas levava a sério o que Edna fazia. Ele dizia que ela trazia paz para as pessoas, enquanto Mika achava que ela explorava a burrice dos outros.
Mudou-se para o apartamento de seu pai, ajudaria com um terço do aluguel e o resto era por conta dele. E sim, ela achava que estava lhe fazendo um favor.
Numa de suas conversas com Edna, Mika deixou escapar que às vezes sonhava com sua ex amada e reviviam momentos juntas. Edna lhe perguntou se tinha controle do sonho e Mika respondeu “Do sonho em si não, mas sei perfeitamente o que estou fazendo, e sempre sigo o roteiro”. Edna olhava-a intrigada, “Que roteiro?”, “Ah, você sabe, como tem que ser, como sempre foi”.
A velha pegou nas mãos de Mika e olhou fundo nos olhos noturnos da garota, e mesmo sem sol, por breves segundos ele acinzentou e ela sentiu uma leve tonteira. “Criança, você tem um dom” dizia a velha num tom temeroso “Nunca conheci alguém pessoalmente com um dom assim!” a velha ficou desnorteada, mancava de um lado para o outro olhando diversos livros rapidamente, e então balbuciou enquanto apontava para Mika ler uma página.

Mika, 4°

09/11/2011 22:42

Dois quarteirões à frente e entraram em uma loja pequena e entupida de coisas, cheirava a incenso de cravo que ardeu os olhos de Mika. “Cof, cof, credo pai, que lugar é este?”.
Seu pai sorriu gentilmente e apontou para o fundo da lojinha. Entre várias coisas que Mika não conhecia, estava uma velha sentada em uma cadeira de balanço. “Edna, venho te apresentar minha filha.”.
A velha levantou-se, e com sua vareta mancou até onde eles estavam. “Muitíssimo linda, uma preciosidade”, falou analisando Mika. “Então, quando quer começar seu trabalho? Há muita coisa para se fazer”. Mika assustou-se “Como ela sabe? Ela é adivinha ou algo assim?” sussurrou para seu pai. A velha riu alto; “Não seja boba criança, seu pai me ligou”. E todos riram, exceto Mika que estava envergonhada.
“Então,” disse limpando as mãos em sua calça de trabalho surrada “Tenho que voltar ao trabalho. Qualquer coisa me chame filha”. Mika sentiu-se insegura, ainda mais em um lugar tão esotérico e diferente de tudo o que conhecia.
“Pode começar pelas prateleiras de cima para baixo, da esquerda para a direita” disse Edna com a voz um pouco rouca e muito gentil. Mika olhou toda aquela bagunça e tralhas empoeiradas, teve vontade de dar meia volta e partir, porém lembrou-se que se fizesse isso perderia sua casa e não teria como se sustentar. Seu salário também não ajudava, apesar que seu pai dizia que mil por mês para ajudar uma velinha já estava de bom tamanho.
Mika começou a espanar as coisas e passar pano de leve. “Faça com vontade!” gritava Edna do balcão. Ninguém entrou na loja um momento sequer, e a jovem não entendia como a velha conseguia se sustentar naquele mausoléu.

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