Mika, 4°

09/11/2011 22:42

Dois quarteirões à frente e entraram em uma loja pequena e entupida de coisas, cheirava a incenso de cravo que ardeu os olhos de Mika. “Cof, cof, credo pai, que lugar é este?”.
Seu pai sorriu gentilmente e apontou para o fundo da lojinha. Entre várias coisas que Mika não conhecia, estava uma velha sentada em uma cadeira de balanço. “Edna, venho te apresentar minha filha.”.
A velha levantou-se, e com sua vareta mancou até onde eles estavam. “Muitíssimo linda, uma preciosidade”, falou analisando Mika. “Então, quando quer começar seu trabalho? Há muita coisa para se fazer”. Mika assustou-se “Como ela sabe? Ela é adivinha ou algo assim?” sussurrou para seu pai. A velha riu alto; “Não seja boba criança, seu pai me ligou”. E todos riram, exceto Mika que estava envergonhada.
“Então,” disse limpando as mãos em sua calça de trabalho surrada “Tenho que voltar ao trabalho. Qualquer coisa me chame filha”. Mika sentiu-se insegura, ainda mais em um lugar tão esotérico e diferente de tudo o que conhecia.
“Pode começar pelas prateleiras de cima para baixo, da esquerda para a direita” disse Edna com a voz um pouco rouca e muito gentil. Mika olhou toda aquela bagunça e tralhas empoeiradas, teve vontade de dar meia volta e partir, porém lembrou-se que se fizesse isso perderia sua casa e não teria como se sustentar. Seu salário também não ajudava, apesar que seu pai dizia que mil por mês para ajudar uma velinha já estava de bom tamanho.
Mika começou a espanar as coisas e passar pano de leve. “Faça com vontade!” gritava Edna do balcão. Ninguém entrou na loja um momento sequer, e a jovem não entendia como a velha conseguia se sustentar naquele mausoléu.