Mika, 8°

09/11/2011 22:46

Era engraçado de ver as duas por perto, como completos opostos, a noite e o dia, uma competindo com a outra sem perceber.
Saíram de lá para tomar uma vitamina de banana por consideração ao desejo de Ema. Conversaram e gostaram de se falar, Mika precisou partir para o trabalho e a garota voltou à sua exposição.
Depois de mais um longo e cansativo dia de trabalho, Mika voltou para o apartamento que estava, cerrou os olhos e os abriu apenas sete horas da manhã, quando alguém bateu em sua porta. Pensou ser o síndico ou a moça da faxina. Com o rosto inchado, os cabelos despenteados e a roupa do dia de ontem amarrotada, Mika abriu a porta pronta a gritar e mandar quem fosse embora, mas ao contrário do que pensou, viu aquelas duas bolotas róseas postas num pele alva de algodão, era Ema.
Pediu-a que entrasse e a fez aguardar na sala pequena enquanto tomava um breve banho. Ao voltar a garota estava segurando o broche que Edna havia dado para Mika. Ela nem sabia mais se o tinha deixado na casa de seu pai, ou se o tinha levado consigo, sentiu um aperto no peito e quis chorar, mas nada demonstrou para sua visitante.
Depois de apreciá-lo, Ema estendeu a mão para entregar o broche à sua dona, Mika, receosa, pegou-o e quis saber onde ela o tinha encontrado. “No chão, perto de sua cama, deve ter deixado cair. Minha mãe tinha um desses quando eu era pequena, dizia que era para protege ou algo assim.” “Sua mãe? Quem é sua mãe?” indagou Mika, e a garota prontamente respondeu “Você não deve conhecê-la, ela trabalha em uma lojinha aqui no interior”, a coisa estava ficando séria, Mika sentiu seu coração acelerar “E o que ela vende?” “Sei lá, um monte de coisas”, respondeu a jovem, sem imaginar o que se passava com Mika.
Quase ríspida ela perguntou, “Qual o nome dela?”. A garota olhou-a sem compreender, “Edna.” A garota bronzeada dos olhos acinzentados congelou, não acreditava que aquela velha maluca tivesse uma filha tão nova e dócil. A garota limpou a garganta, nervosa, “Trabalhei para ela.” “E ela lhe deu o broche?” a loira estava enciumada. “Pois é…” respondeu sem jeito.
Ema levantou-se cautelosa e novamente tomou a postura infantil que tinha, “Vim te chamar para dar uma passeio pela praia.” E foram.