com sua magreza excessiva e voz estridente que também me faz recordar o smilinguido, pela cabeça pequena e arredondada. talvez por isto ela pareça um pouco cearense. até sua cor encardida ajuda na confusão, e o que não a deixa ver tudo isso é o seu ego gigante, que bom, é apenas dela. aquele tipo de pessoa que sempre tem cinco à sua volta, e cada semana cinco diferentes. que sempre está sorrindo vazio e chorando lágrimas de crocodilos. que esconde seus ossos atrás de roupas folgadas, e tudo o que ela critica é o que mais gostaria de ser. ofusca seus sentimentos de si mesma para não se ferir, e acha que eu não sei disto. é covarde e patética, sempre precisa ser a melhor para mostrar que sua auto estima não é tão baixa quanto realmente é e que sua real futilidade não existe. ela procura um motivo, uma razão para viver, mas nada encontra além do enorme vazio que a persegue, e é claro, sempre culpará o outro pelos seus problemas. na verdade eu sei mais dela do que ela mesma, eu a conheço bem, e quanto mais conheço mais desgosto tenho.

banhados em vida e fina alegria. minha doce Blanca, isto me gerou esperança de poder te resgatar das trevas e trazer para a luz novamente. não imaginas como é torturante ter que lhe assistir andar em passos errôneos e nada poder fazer, simplesmente por tudo depender da sua decisão. por bem ou mal lhe tiraria do mar da tristeza e lhe levaria para o vale da alegria, mas não é assim que as leis se estabelecem, e preciso de tua permissão até mesmo para te salvar. aquele brilho tão puro e vivo que saiu como uma faísca de dentro de ti, assustou os monstros que compartilham contigo a mesma mente. é um bom começo, minha garotinha.

Káah Azamba

a lua redonda de prata, o céu pintado com o mais fundo do mar, as criançinhas vestindo suas fantasias, seus medos ocultos rondando a porta de cada um. toc toc, fez o garotinho esqueleto na casa da velha bondosa. toc toc, e ninguém respondeu. toc toc, ele pensou em desistir, mas sua última batida foi intensa e lhe mostrou a porta entreaberta. entrou em passos curtos e medrosos, “senhora, senhora Mafalda” chamava pela casa como um miado de gato, as outras crianças lá fora indo de casa em casa e ganhando seus doces, ele até pensou em sair de lá e fazer o mesmo, mas a adrenalina e curiosidade o fizeram prosseguir. subiu as escadas daquela estranha casa que rangia sozinha, se viu de frente a outra porta. tentou, abriu, entrou. tapeou as paredes até encontrar o interruptor, a luz fraca acendeu e lá estava um corredor infinito com uma mulher encostada na parede e as mãos sujas de sangue. ela olhou-o ferozmente, ele não pensou duas vezes, saiu correndo e tropeçou pelas escadas, olhou para trás e lá estava ela, pronta a esganá-lo com sua fúria, chorou baixinho enquanto corria como um raio para fora da casa maldita, e sem querer viu a senhora Mafalda posta no chão da copa, o resto nem quis se lembrar. não falou a ninguém o que viu, trancou-se no quarto e esperou o halloween acabar.

por que a vejo tão tristinha? quantas preocupações em sua mente? não meu docinho, deixe isto tudo de lado, porque agora você é minha. sossegue teu coração, permita tua alma sentir paz e goze da liberdade que tens comigo. e só você têm, pois só você se mostrou digna de me merecer. e se te vejo assim, tão caidinha, fico triste também e não posso demonstrar. tenho que ser forte e motivar o meu docinho que se preocupa tanto com coisas que demorarão para acontecer. deixa as preocupações em meus ombros, e flutue enquanto eu carrego teus problemas. só quero o teu bem, e que se sintas bem também.

a porta da varanda está aberta para quando você voltar. você vai voltar? espero que logo, pois meu anjo, esta brisa fina e fria está enrijecendo meus músculos e cerrando meus ossos. nem por isto, nem por nada, nem que eu congele até a morte! vou te esperar e deixar sempre a porta aberta para você saber, meu anjo, que pode e deve voltar! só não demore, eu quero lhe ver novamente com vida, sentir teu gosto e o cheiro de teus cabelos encaracolados amaciando a pele de meu rosto, permitir teus lábios suavemente tocar o meu e aquecer meu corpo por inteiro como uma brasa em chama, e logo então você partir para me deixar em cinzas frias no porão. não vou desistir, sempre estarei sentada na sala com a porta da varanda aberta, faça chuva ou faça sol, para você voltar, me amar e partir. só não demore, pois meu anjo, tenho desejo grande e um corpo fraco.

o clima frio e úmido, as casa rodeadas por luzes coloridas. sim, é o natal que se aproxima, e como Blanca o adora. ainda acredita que o bom velinho exista e que todos os finais são para sempre, e todos os para sempre são felizes. ah, minha frágil e inocente Blanca, que se delicia com cada dia que passa apenas pela espera do precioso momento; a família reunida, o peru posto na mesa, os primos e sobrinhos correndo pela casa, os mais velhos conversando e bebendo, os mais novos em seu mundo internauta e ela perdida no meio disto tudo. não, ela nunca se encaixa em coisa alguma, mas mesmo assim ama ver todos reunidos e saber como, da maneira deles, se dão bem e se amam, e no natal é a época perfeita para ela viver isto, pelo menos neste dia ela não pensa em seus problemas e se permite ser feliz. sim, minha Blanca, dia vinte e cinco de dezembro está chegando, e neste dia você será feliz.

mesmo não passando de um dia. pareciam anos sem o teu abraço, mesmo sabendo que o tive dias atrás. parecia, na verdade, que nunca lhe tive e lhe teria pela primeira vez com toda e ternura e amor possível. abracei-te com tamanha força, beijei tua nuca e senti tua pele arrepiar. como eu amo você e seu corpo bronzeado contrastado na calcinha branca e os seios todos a mostras para mim, só para mim. teu corpo nu em cima do meu pálido, e nem me importo com mais nada, só com você, seus gemidos, suas caras, seu suor, seu jeito de se mover num vai e vem mais do que gostoso, terno, manhoso, delicado. minha musa, cada noite com você é única, e cada dia sem você é em vão. eu te amo, te idolatro tanto quanto amo e venero teu corpo, teu sorriso discreto, tuas costas lisas, teus olhos negros, tuas pernas carnudas, tuas ancas e teus beijos. ah seus beijos! o teu gosto doce de jasmim, teu cheiro frutal que cola em minha pele como se fosse tua pele a minha. e não duvido disto. nas noites juntas, você sou eu, e eu sou parte de tua alma, do teu corpo. nem sei quem sou, o que sou, só sei de você, que és minha e sempre será, assim, toda nua, toda minha musa preferida.

Káah Azamba

e tão lindinha. ela é tão pequena e tão meiga. mas ao mesmo tempo é forte, alta e ríspida. ela é uma complexidade de inúmeras opções e combinações de caráter. tipos e contra tipos, diz e contradiz, e não sei como, consegue sempre manter o mesmo foco. ninguém nunca lhe recrimina por seus pensamentos vãos e sem fundamentos, afinal todos a idolatram pelo encanto e pela voz que ela emana. por mim nem de voz precisaria, apenas seu corpo majestoso dançando nas águas esverdeadas dos mares do ocidente, exalando seu cheiro que embebeda como o vinho mais doce as almas carentes e sedentas de amor. já foi minha, mas hoje é de todos; dos mares, dos viajantes, dos peregrinos, de quem se deixa levar por esta linda ninfa demoníaca. o mais belo dos demônios, o mais majestoso ser aquático entre todos que já vi. a sereia ninfa, desejo da alma perdida e do coração insensato. o meu desejo profundo: ninfa dos mares, eu te quero novamente.