ela estava perdida como sempre.

09/11/2011 21:40

ela estava perdida como sempre. resultado de sua incessante busca pelo desconhecido, por achar que encontraria em lugares diferentes o que faltava dentro de si mesma. perdida em si, esquecida pelo mundo. tratada como a rainha de si mesma e a escrava de todos. não, ela não ousaria chorar, não desta vez. seria forte, enfrentaria seus medos. não importasse o custo que teria apenas mais uma viagem ou descoberta, ela só queria sentir-se viva, sentir que vivia. e lá seguia ela, passos lentos e curiosos, um tanto quanto desastrados; a expressão de medo e felicidade esboçada em seu olhar. olhava em sua volta, ao seu redor, coisas tão iguais, tão normais, imaginava o que teria que descobrir dentro de si mesma, em terrenos antes intangíveis, e agora tão reais e tocáveis. terras longínquas que só agora ela mesma se permitia explorar. avançou alguns passos, mesmo quando uma voz familiar lhe ecoou “Blanca”. avistou, no meio de muitos panos coloridos, algo que ela tinha certeza; era uma porta. mais um lugar secreto? mais coisas a descobrir? aí estava, não tinha que descobrir nada além de que em si mesma haviam imensos lugares secretos, feitos para não se ferir ou magoar, para sonhar o quanto quisesse e morrer de tanto viver. não, mas ela queria mais. avançou apressadamente em direção à porta escondida, escorregou e agarrou-se com tamanha força nos panos, estes transformaram-se em redes que a enrolaram como num ninho gigante. a voz familiar, já não tão distante, ecoava “Blanca” cada vez com mais intensidade, e só segundos antes de sentir-se sufocada percebeu que o eco era o seu nome. tão rápido deu-se conta e despertou. de volta para a triste realidade, minha jovem Blanca.