Mal-Caráter, 1°

09/11/2011 22:18

- Eu sei o que disse, é o meu roteirinho. Gostou? - Olhei para o despertador. - Agora… vá embora, por favor!
A moça de cabelo curto e descendente asiática se levantou com muita raiva - Por quê?
Analisei a cituação e falei calmamente - Não vai chorar ou avançar em mim, para enfim, começarmos tudo novamente?
Ela olhou indignada - Você é louca ou o que? Acha que sou idiota, só pode! - Vestiu-se rapidamente e saiu.
“Pelo menos assim ela foi embora”. Sorri e dormi.

Aquele dia inteiro foi chato, tanto que resolvi sair com minha amiga.
- Márcia, tem certeza que essa é a boate mais badalada?
Quase bêbada ela respondeu - É lógico!
Ela é uma ótima amiga, quando não bebe.
- Essa festa está uma droga! - Gritei.
Enquanto me dirigia para a saída uma moça me segurou pelo braço - Concordo com você - Ela sorriu.
“Ela está afim de mim e não estou com paciência para isso hoje, vou ser estúpida mesmo”
Retirei a mão dela de mim - Só por que concorda comigo acha que vou sair daqui feliz? Sei lá qual suas intenções, a minha é ficar longe de você - Saí e a deixei com raiva, como sempre meu dom é deixar raiva por onde passo, já me acostumei.

- Por que você sumiu da festa? Tava tão bom ontem.
- Para com os papinhos Márcia, aquilo tava horrível.
Pedi mais um chop ao garçom.
- Vou nem falar nada. Te conheço a muito tempo e sei que você não está bem. Se você não está bem, tudo ao seu redor também não está bem.
“Talvez seja por isso que as coisas são fáceis para mim”. Me fingi de burra, como de costume - Como assim?
- Ah sei lá, fica um clima pesado só de você chegar.
- Ah! Disso que você ta falando? Bobeira.
- Bobeira nada - disse ela pegando o chop - Você precisa de companhia.
Eu ia falar, mas ela me interrompeu - Companhia de verdade! Como pode chamar essas vagabundas de companhia?
Me calei, odiava admitir, Márcia estava certa.
Acenei e pedi mais um chop.
- Você bebe tão rápido que nem vejo - Rimos juntas.

Depois nada aconteceu de bom naquela semana, Márcia me apresentou 3 amigas, mas não gostei disso e acabamos brigando.
Cada dia mais eu pensava na idéia de ter alguém ao meu lado, que me pertencesse mais que uma simples noite. Resolvi que iria mudar, sabia que não conseguiria alguém decente com aquelas atitudes, e fingir era comigo mesmo.

Conquistei amizade de uma colega da faculdade. “Ela é tão inteligente e centrada, com certeza não terá tempo para pensar em traição”
- Oi Vi! - Sentei ao lado dela e sorri, as vezes me sentia idiota por agir tão dócil.
- Debinha! Fez o trabalho?
A minha cara de espanto revelou que não, na verdade eu não sabia de trabalho algum.
Ela disse - É brincadeira! HAHAHA
Dei um sorriso singelo e passei a prestar atenção no professor.
“Que garota idiota! Acha que é legal ficar me enganando? Odeio ser enganada. To aturando tudo isso só para conquistar essa nerd, aff, vontade de desistir e dar o maior gelo nela.” Como sempre, meus pensamentos não viram atitude, na verdade geralmente ajo contra eles. Estranho, eu sei.
Ainda estava brigada com Márcia, odiava meu orgulho, sempre me trazia problemas. Doeu, mas deixei-o de lado, liguei para ela assim que acabou a aula.
- Não me faça pedir desculpas, já estou lhe ligando…
- Você está evoluindo, ou isso é um milagre?
- Er…
- Desculpas aceitas, mas antes de me deixar sem carona, pensa na amiga que sou para você.
- Beleza! Estou indo para casa, sairemos mais tarde?
- Claro.

Ela disse aquilo porque na noite que brigamos eu a levaria para casa, mas acabei deixando-a sozinha.