Mal-Caráter, 2°

09/11/2011 22:19

Estava pronta para sair com Márcia quando Vitória me ligou:
- Oi Débinha!
- Oi Vi!
Silêncio…
Arrisquei falar algo - Tudo bem? - “tudo bem? de tudo que poderia dizer, falo logo tudo bem? que idiota que sou”
- Uhum, eu queria te convidar para jantar comigo em um restaurante chines.
“Comida chinesa? Éca!” - Claro, eu adoraria!
- Te busco as 21hs
Ah que droga! Agora vou ter que cancelar de sair com a Márcia e ainda trocar de roupa.

O jantar foi horrível, eu queria animação, mas acho que fingi o suficiente para ela pensar que gostei.
Saímos mais duas vezes (todas jantares idiotas) e na terceira vez acabou na minha cama.
“O que a gente faz depois que termina?”
Acordei de manhã ela ainda estava ali, no meu lado dormindo. Me assustei, tive medo, comecei a me sentir presa, nunca havia ficado tanto tempo com alguém. Liguei para Márcia; ela foi logo dizendo:
- Já partiu o coração da Vi?
- Quê? - falei baixinho para não acordar Vitória e fui para a sala. - Não Márcia, ela ta aqui, dormindo.
- Sério? - ela realmente se assustou - Então parabéns, está fazendo tudo certo.
- É, mas você me conhece, não gosto do certo.
- Tadinha de você, tão assustada, parece uma criança perdida… você vai se acostumar.
- Ta bom…

O tempo foi passando e começamos a namorar. Estava gostando de tudo aquilo, a Vi era bacana, só me irritava as vezes.
De vez em quando algumas garotas que eu saia antigamente me ligavam e claro que eu não perdia a oportunidade.
Não sentia remorso nem pena da Vitória, e a Márcia sabia de tudo e só dizia - Pobre Vi, é tão boazinha para você.
Eu respondia - Vai saber… - Mas tinha a certeza que ela era uma santa.
Aquela relação me fazia bem, eu saia com todos e tinha a Vi para mim. Perfeito.
Completamos dois meses de namoro, eu confiava na Vitória, e jamais desconfiei que ela soubesse de meus rolos, e esse foi meu maior erro.
Márcia viu a Vi beijando uma professora da faculdade e foi logo me contar.
- Que vadia! - Gritei
- É, o que vai fazer agora? Você a traiu também
- É diferente Márcia, todo mundo sabe que eu não presto, era como se ela já estivesse avisada. Agora ela? Com aquela coisinha de santinha! Isso é jogo sujo.
- Calma Débora, termina então e volta à vida antiga.
- Não mesmo, essa desgraçada vai me pagar.

No dia seguinta vi a Vitória, iria fingir que não sabia de nada, mas ela chegou e disse que precisavamos conversar.
Sim, a filha da mãe terminou comigo. Como eu sempre fingi ser dócil com ela, não queria estragar o disfarce - Se você acha melhor assim… mas eu ainda vou te amar.
“Vou amar droga nenhuma, que ela pegue uma gonorréia dessa professorinha”

Na mesma noite saí para encher a cara. Eu achava que estava bem, que aquilo não me afetaria, mas depois daquilo tudo virei uma bebum, fumante e altamente complexada comigo mesma. Eu dizia para todos que estava bem enquanto minhas atitudes diziam o contrário.
- Cansei de mulher.
Márcia riu - Você está bêbada.
- Cansei! Vou ser freira, mulher não sabe amar.
- Então muda de time
- Vou ser freira, já disse.

A vida passava inutilmente por mim. Dia após dia, um sufoco infernal. Quando comecei a me recuperar e me achar bonita novamente, Vitória reaparece na minha vida.