Mika, 2°

09/11/2011 22:40

Parecia que tinha tudo pronto, o plano perfeito, até que deparou-se com a realidade. Estava sozinha, teria que cuidar de si mesma, teria que lutar por si mesma, teria que sonhar por si própria. Caiu em lágrimas com saudades de sua amada, não dela em si, e sim das coisas que ela lhe fazia; tudo.
Por que tamanha maldade? Por que aprisionar Mika, torná-la dependente e frágil, aumentar seu ego ao máximo e logo então partir? Ah, pobrezinha de Mika, desolada e sem previsão de futuro. E mesmo coberta de tristeza, seus olhos continuavam assustadoramente belos.
Tudo o que lhe restou foi um bloco de anotações antigo, que sua amada usava como agenda para cuidar de Mika. Até disto ela cuidava, Mika nunca preocupou-se com nada, muito menos com sua amada. Confiava nela, acreditava no seu amor, e ela nunca reclamou disto, sempre mostrou-se forte, na verdade ela dizia que tinha prazer em fazer tudo por Mika, e que a teria consigo eternamente.
Ah! Sentiu que seu coração rachava ao meio, grunhiu de dor. Ah! Pôs-se a chorar em seu quarto novamente, que antes era delas. O lugar que lhes serviu de abrigo e paixão, o santuário do amor de ambas, e agora tudo se tornava tão feio e sem vida.
Aos prantos ela notou, ainda usava a aliança, e pouco teve coragem ou vontade de tirá-la. Pensou em arranjar alguém mesmo que temporário, apenas para não se sentir tão sozinha, mas mudou logo de idéia ao imaginar magoando-se outra vez.
Qual seria a solução? Morrer? Sua carreira era um desastre, e a única coisa que tinha além de sua amada, então logo não tinha nada.
Lembrou dos sonhos antigos, ter filhos e conhecer o mundo. Sim, sonhos pequenos comparados ao de muitos, mas já era um avanço. Perceber que poderia seguir com a vida sem sua ex, e que realizaria seus sonhos antigos.