Mika, 3°

09/11/2011 22:41

Mika espreguiçou-se na cama, sentiu o cheiro de waffles, foi o suficiente para mandar a preguiça embora e andar cautelosamente até a cozinha. O cabelo bagunçado, as mãozinhas frágeis roçando em seus olhos acinzentados como quem quer mandar o sono embora; ainda de pijama e pantufas, olhou para sua amada; “Meu bem?”, “Bom dia minha vida! Veja que dia lindo se faz lá fora!” respondeu sua companheira enquanto lhe servia o café da manhã e roubava um breve beijo da garota sonolenta.
“Não acho tão belo assim” resmungou. Sua amada riu, pegou o casaco da cadeira e enquanto partia para o trabalho disse “Não se esqueça da sessão de fotos de hoje.” Esta frase com a voz tão pertencente a ela tornou-se um eco constante na mente de Mika, até que ela acordou.
Não ousou se mover. Em sua cama podia ouvir o barulho da chuva, que era antes a cama das duas. Teve frio mesmo com três cobertas por cima de si, precisava de sua amada de volta, mas de forma alguma correria atrás dela.
“Eu que era feliz com dias que eram perfeitos, e eu nem fazia idéia do quanto” murmurou ao rolar pela cama e sentir leves lágrimas cair-lhe ao rosto. “Pelo menos eu acompanho este dia, choraremos juntos, chuva”, disse com pena de si mesma.
Nenhum amigo para lhe ligar e os agentes de modelo pouco a procuravam, ela não estava em mínimas condições de desfilar ou posar para fotos de algum produto. Também não queria trabalhar pesado, tinha a alma livre, não gostava de regras, mas por outro lado a reserva no banco não duraria para sempre; ela precisava encontrar um emprego decente.
Levantou, se arrumou um pouco e foi até a loja de seu pai; “Bom dia papai!” gritou manhosa ao entrar na loja de ferragens.
Ele surpreendeu-se com visita da filha, ela nunca dava notícias, apenas ligava ou mandava flores nas datas comemorativas, mesmo não morando longe; “Minha garotinha! Que saudades”. Deixou seu ajudante atendendo os clientes e foram conversar.
Ela nem esperou que ele matasse a saudade; “Papai, preciso de um emprego, posso trabalhar aqui?”. Ele riu sem dar respostas, coçava o queixo analisando a filha, a mesma garotinha egoísta que conhecia. “Oras meu bem, não acho que aqui seja apropriado para uma garota tão bela e sensível como você, mas te levarei a uma amiga, ela sempre reclama por ter que trabalhar sozinha.” “Perfeito!” exclamou ela.