O Recomeço, 3°

09/11/2011 22:31

Não deu dois dias e Veneranda tinha uma enfermeira, que as crianças chamavam de “babá da vovó”, nem preciso dizer que ela odiava, e odiava ainda mais a mim, só que todos me amavam, eu era dócil com eles, então ela acabava por estar errada sempre.
O suposto dentista passou a frequentar regularmente o bar, principalmente nas sextas à tarde. Cidade pequena, e todas as mulheres queriam ele, me mantive dando uma de difícil, só que demorou para ele realmente querer algo comigo, ficou quase três meses saindo com uma mulher aqui e outra ali, enquanto eu o esnobava e cada vez mais ele me queria.
Nesses três meses, eu já havia falado com minha mãe duas vezes, até que não foi tão ruim assim. Ela sempre dizia para mim colocar minha vida em ordem, que eu estava dando trabalho para Joshua e essas coisas, só que Joshua me dizia o contrário. Afinal ele ganhava uma boa grana para me aturar naquela casa.
Veneranda continuava com a enfermeira, ela havia se aquietado no canto e parado de me encomodar, então nem segui meu plano em frente (que seria mandá-la para o único asilo da cidade) até porque queria me casar e sumir daquela casa.

Cada dia sentia mais falta de Cris, como pode? Fazia tanto tempo que não via ela e sua presença ainda era viva dentro de mim.

- Como se chama? - Perguntei enquanto servia uma bebida ao dentista
- Deniel.
- Deniel? É… diferente
- Vim da Inglaterra
- Ah sim! Me chamo Alessia, se isto lhe importa
- Claro que importa - Ele abriu um sorriso com aqueles dentes perfeitos

E foi assim que consegui a atenção dele, com uma simples conversa num bar. Depois de três meses esperando, era bom a evolução do relacionamento ser bem rápida.
Enquanto isso Jack sempre de olho em mim, em tudo que eu fazia e era muito exigente, as vezes eu achava que ele não gostava de mim, mas as vezes me tratava tão bem que nem sei explicar.

Mais quatro meses se passaram e eu estava namorando com Deniel, claro que sabia das traições, mas nunca reclamei, queria mesmo casar e construir uma vida, um estatus naquela cidade, ser reconhecida além de ‘Alessia, a Bartender’
Quando eu achava que estava tudo perfeito, um rapaz me para na rua:
- Débora?! - Exclamou ele assustado
- Quê? - Respondi surpresa, passaram mil pensamentos na mesma hora, reformulei a frase - Quem?
- Você! Débora! Eu te conheço
- Não sei do que você está falando - Respondi irritada
- Sabe sim, não quero estragar seu disfarce, me ligue para conversarmos.

“Não acredito! Como me descobriram? Depois de quase oito meses nessa cidade, achei que estava tudo bem! Não acredito mesmo!”