Mal-Caráter, 8°

09/11/2011 22:26

Minha mãe continuou falando - …em troca de você sumir deste país, trocar de vida e manter contato mensalmente comigo. - Inclinou-se na cadeira, aproximando do vidro que nos separava - É melhor do que eu pedir que pare de fazer besteiras, até porque sei que isso nunca vai acontecer.
- É uma boa proposta, trocar de vida, mudar de país e ainda lhe aturar somente uma vez ao mês, mas como vou me manter por lá sem um emprego? Por incrível que pareça, aqui na cadeia estou segura.
É claro que eu odiava ficar presa, mas não podia demonstrar isso à minha mãe, e eu sabia que se a expremesse ganharia mais coisas, afinal ela não fazia isso por amor, e sim pela campanha eleitoral dela.
- Não seja boba, o contato mensal servirá para você ganhar o seu salário como boa filha, e como sei que não confia em mim, vou lhe dar um cargo razoável em uma das empresas do Chile.
- Chile? Acha que vou para o Chile?
- É onde posso garantir que você viva bem.
- É onde você garante que a mídia não vai me pegar. Eu sou boa no que faço, posso até continuar vivendo no Brasil sem saberem que sou eu.
- Tão boa que está onde está. No Brasil não.
- Escuta mãe, eu me rendi, me entreguei…
- De idiota que foi. Alemanha está bom para você?
- Não sei alemão
- Você é inteligente… apesar de tudo.

Minha mãe não se importava com eu ter matado alguém, mas sim em ter sido pega pela justiça, era tão orgulhosa quanto eu, e sentia seu ego ferido ao saber que fui derrubada.
- Se é para mudar de vida, então que seja drásticamente… Quero morar em uma fazenda, na Alemanha.
- Melhor ainda - disse minha mãe, sorrindo vagarosamente
- Foi bom negociar com você

A visita acabou, no dia seguinte minha mãe me ligou.
Eu não queria ficar mais uns meses dormindo na prisão e fazendo trabalho comunitário, então troquei meus advogados pelos que minha mãe havia enviado. Fizeram um acordo, eu ficaria mais seis meses e depois poderia sair.
- Não era bem o que eu queria, mas já ta bom.
- Se você tivesse me avisando antes, não tinha passado de oito meses aí.
- Ta bom mãe…

Seis meses depois estava eu saindo da cadeia. Confesso que um ano e oito meses me fizeram desacostumar com tudo, sorte que iria morar na tranquilidade da fazenda.
Me sentia sozinha, minha família cheia de julgamentos contra mim, minha mãe interesseira, e meu pai era como eu, mas acho que pior, havia sumido há 5 anos. Estava sem Márcia, Vitória ou Cristina e recomeçaria sozinha, do zero, fingindo ser outra pessoa.
Com tudo o que sofri até aqui, espero ter aprendido algo, e que venha o recomeço.
 

Despedida:

A Fic Mal-Caráter termina por aqui, mas dá continuidade para a Fic Recomeço, espero que tenham se divertido.