O Recomeço, 4°

09/11/2011 22:32

- Não posso ser descoberta, vai arruinar todos os meus planos! Estou quase casando com aquele dentista. - Disse para minha mãe, em meio a uma ligação
- Calma, ligue para esse homem e pergunte o que ele quer, tente negociar, se não der certo deixe comigo. Aposto que é um badeco do político Hernando. - Respondeu irritada e desligou em minha cara.

Liguei para o número que ela havia me passado - Alô?
- Sabia que me ligaria
- Olha, não sei do que você está falando
- Quer mesmo continuar com esse joguinho?
Não respondi nada, na verdade nem sabia o que falar
Ele prosseguiu: - Vou direto ao ponto, quero vingança.
- Tudo bem, quer que eu mate quem?
- Você já matou, eu poderia lhe matar, mas você não me serviria de nada, por isso me mudei para esta cidade
- Ah que bom… quem eu matei?
- Você vai casar comigo e eu vou fazer da sua vida um inferno, além de pegar toda sua herança
- Nunca!
- Ou… eu digo para todos quem você é de verdade, e vão acreditar em mim, pois Vitória era minha irmã e tenho provas de que foi você.
Desliguei o telefone assustada.

Passado uma semana e meu desempenho no trabalho estava caindo, Jack perguntou o que havia de errado, eu dizia que nada e ele insistia em saber, sempre com aquela histórinha que me conhecia melhor do que eu imaginava.
Volta e meia o irmão da Vitória aparecia no bar e ficava me olhando, as vezes deixava bilhetes no guardanapo dizendo que queria me encontrar. Eu fingia que não via e ele começou a perder a paciência, até que quando estava saido do trabalho, de noite, me pegou de surpresa tampando minha boca: - Se não for por bem, vai ser por mal.
“É agora, vou morrer!”
Ele me levou até a pensão onde estava hospedado, não sei porque, mas fingi que estava tudo bem e ninguém desconfiou de nada.
- Porque casar comigo? Me mate logo. - Falei em tom alto
- Você vai ganhar uma ótima herança, acha que eu não sei?
- Todos sabem da fortuna, e devia saber também que minha mãe me odeia o suficiente a ponto de deixar tudo para meu sobrinho.
- Isso é mentira.
- Então não procurou direito nos documentos… - Respondi com ar de desprezo.
Com muita raiva ele ficou em pé na minha frente, me olhando sentada na cama.
- Preciso ir para casa, meu tio vai desconfiar do atraso.
- Nossa conversa ainda não acabou. - Disse ele com ar de vingança.

Cheguei em casa o mais rápido que pude, me sentia sozinha e desprotegida, não tinha segurança em lugar algum, o mundo começava a me assustar. Todas as pessoas queriam algo de mim, sempre benefícios próprios, e passei a lembrar da Cristina, a única pessoa que nunca cobrou nada, sempre deu sem esperar em troca.
“Que saudades dela, porque joguei tudo fora? Se eu conseguisse voltar no tempo… agora me sujeito a um homem que não presta e ainda estou sendo chatageada por um pilantra! Eu mereço”

- Se não me contar o que está acontecendo, vou falar com sua mãe
- Para Jack, não sou criança, e eu moro com meu tio, você sabe.
- Estou falando sério, vou falar com sua mãe que você está estranha
Comecei a rir, como meu chefe falaria com minha mãe se ninguém naquela cidade sabia sobre a existência dela? Nem me preocupei.

No outro dia, antes de ir trabalhar, Joshua me acorda dizendo haver uma ligação para mim. “Deve ser o irmão da Vi”.
- Alô? - Disse estupidamente
- O que está acontecendo com você? Recebi uma ligação anônima dizendo que está diferente e não segue mais as regras. Que isso, virou uma marginal agora?
- Que? O que? Nãaao! - “Minha mãe, que surpresa agradável” pensei irônicamente
- Quero saber como entraram em contato comigo e quem é essa pessoa. Você me disse que era boa, lembra? Só que pelo o que me mostra você não presta pra nada, nem para fingir ser outra pessoa.
- Acho que sei quem foi. Vou cuidar disso.
- Espero que cuide mesmo, porque se não cuidar eu cuido, e te deixo morrer sem ninguém nessa cidade. Você sabe que não estou brincando! - Respondeu ela gritando, e logo desligou o telefone.
 

Participação de Emilly T. Galvão.